13 de ago. de 2011

* Cesariana: indicações e riscos.






Hoje em dia todos sabemos que há mulheres que simplesmente optam por uma cesariana porque têm medo do parto normal, porque querem planejar o dia e a hora do nascimento dos seus filhos, ou simplesmente porque querem ser assistidas pelo médico X, que, como tem uma agenda tão preenchida, só consegue estar presente marcando uma cesariana.
Ora, com a banalização do acesso aos hospitais privados isto tem vindo a ser (cada vez mais) possível, o que levou a que fossem também levantadas questões éticas sobre este tema.

Aquilo que estas mulheres não sabem (porque, na maioria das vezes, os médicos não lhes dizem) é que uma cesariana acarreta sérios riscos, não só para a mulher, como para o seu bebé.
Num caso de perigo de vida, é óbvio que esses riscos serão claramente desvalorizados pois o interesse maior será salvar as vidas envolvidas, mas para uma grávida de "baixo risco",valerá a pena colocar tanta coisa em jogo?

Deixo vocês com alguns fatos para refletirem:

- Em 2005, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), 34,7 por cento dos bebes em Portugal nasceram numa sala de operações.
Um número superior à media europeia, situada nos 27-28 por cento, e substancialmente mais elevado do que a taxa recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) 10 a 15 por cento.

As taxas relativas ao setor privado ultrapassam os 60%.

- A cesariana é uma operação considerada como sendo uma cirurgia de grande porte com contra-indicações comprovadas em estudos reconhecidos internacionalmente pela comunidade científica.

Indicações para Cesariana:
(onde optar pelo parto normal apresentaria sérios riscos de vida)
  • Prolapso do cordão umbilical (o cordão sai pela vagina antes do bebe e a cabeça faz pressão sobre ele, ao ponto de bloquear a passagem do sangue, pelo que o bebe deixa de receber oxigénio)
  • Descolamento da placenta durante o trabalho de parto (produz-se uma hemorragia intensa e o bebe pode deixar de receber oxigéneo se não se actuar com rapidez)
  • Placenta prévia total (quando a placenta está colocada na saída do útero, obstruíndo a passagem ao bebe; é frequente a mãe apresentar hemorragia, que será um sinal de alerta para diagnosticar o problema)
  • Mau posicionamento fetal (quando o bebe está posicionado de uma forma que se torna impossível a sua saída e já não consegue mudar de posição; por exemplo quando se inicia o parto e o bebe esta transversal)
  • A mãe sofre de uma cardiopatia descompensada ou outra doença grave
  • Eclâmpsia
  • Herpes genital com lesão ativa no final da gravidez
Indicações relativas para cesariana:
(aqui existem alguns riscos para o parto normal, no entanto deverão ser discutidas todas as hipóteses disponíveis)

  • Desproporção feto-pélvica (aqui a indicação é relativa pela dificuldade em diagnosticar esta situação; é muito raro mas pode ocorrer em mulheres que sofreram raquitismo na infância ou outro tipo de malformações. Pode ser confundido com outras situações, por exemplo, a posição para parir influência a passagem do bebe; já foi demonstrado que parir deitada de costas além de absurdo é perigoso pois dificulta a saída do bebé. De fato, de cócoras, a abertura da pélvis aumenta cerca de 30%).
  • Apresentação pélvica (nos últimos anos a cesariana tem sido promovida nos casos em que o bebe se apresenta sentado, sobretudo num primeiro parto. Contudo, estudos médicos demosntram que o parto vaginal é viável quando existe apresentação pélvica, com a cabeça fetal flexionada, peso fetal equilibrado e pélvis materna normal.
  • Tumores que obstruem a saída do bebé (podem ser miomas uterinos, convém esperar que o trabalho de parto se inicie para ver como evolui)
  • Perda de bem-estar fetal (o bebe, no decorrer do trabalho de parto, apresenta alterações nos batimentos cardíacos, que se mantêm e acentuam com o tempo e que podem revelar uma perda progressiva de capacidade de recuperação. Contudo, em alguns casos o mal-estar fetal deve-se ao uso inadequado de ocitocina ou ao fato de a mãe permanecer deitada)
Indicações não justificáveis
(quando os riscos da cesariana superam aqueles esperados num parto normal)

  • Cesariana anterior (já não se aconselha fazer uma cesariana só porque se fez uma anteriormente)
  • Gravidez de múltiplos (depende da maturidade fetal e da posição dos bebes. Na Holanda, por exemplo, só 14% dos gêmeos nascem por cesariana)
  • Falta de dilatação ou parto prolongado (a "falta de dilatação" teoricamente não existe. O que acontece frequentemente é que o medo, a tensão, a solidão e a falta de privacidade fazem com que o corpo não colabore tão eficazmente no trabalho de parto. Se for dada oportunidade de privacidade e o apoio certo à mulher, a dilatação acabará por progredir. Entretanto, enquanto mãe e bebe estiverem bem, o parto não é considerado prolongado. Não existe um tempo pré definido para o trabalho de parto).
  • Chegar às 40 semanas de gestação (uma gravidez de termo, normal, pode ir das 37 às 42 semanas)
  • O bebe é muito grande (desde que a evolução do parto seja boa, o peso não é um fator significativo, além de que uma estimativa de peso por aparelhos nem sempre é confiável)

Riscos da cesariana para a mãe:


  • Sendo uma cirurgia, obviamente acarreta os riscos associados a todas as outras operações como sejam os riscos relacionados com a anestesia e maior risco de infecções.
  • pós-parto mais doloroso
  • não conseguir cuidar do bebe plenamente no pós-parto imediato
  • risco de morte materna 5 a 7 vezes superior, comparando com um parto normal
  • risco de hemorragia séria 6 a 8 vezes superior
  • maior tempo de internamento hospitalar
  • risco de complicações com a cicatrização (por exemplo, hérnias ou quelóides)
  • experiência de "parto" sentida como negativa
  • a mãe não poderá ser acompanhada pelo marido durante todo o processo de nascimento do bebe, não tem qualquer controle sobre a situação nem pode ficar imediatamente com seu bebe
  • aumenta o risco de morte fetal em gravidezes subsequentes
  • aumenta o risco de infertilidade para futuras gravidezes
  • aumento do risco de problemas a nível de placenta (acreta, abrupta ou prévia) em gravidezes subsequentes
  • risco de ruptura uterina num futuro parto

Riscos da cesariana para o bebe:



  • aumenta os riscos de morte no primeiro mês de vida
  • aumenta os riscos de problemas respiratórios
  • risco de corte cirurgico acidental
  • risco de não vir a ser amamentado ou sê-lo 
  • por pouco tempo devido a introdução de leite artificial ainda na maternidade




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